terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

OUVIMOS O NOVO SOM DO COLDPLAY E NÃO SABEMOS SE O TRAMPO É PARA HIPSTER OU COXINHA

Não, esta foto não foi retirada de um Tumblr da série "Hipster ou coxinha", fiquem tranquilos. [crédito: Anton Corbijn]




[Mea culpa: andei bem sumido daqui por conta de questões paralelas, trampo pra caralho de alguns meses para cá e algumas crises existenciais no meio do caminho. Isso não interessa a ninguém, é verdade, mas espero estar bem menos ausente daqui em diante.]

Sim, a minha memória afetiva me obriga a admitir: fui fã do Coldplay na minha adolescência e ainda sou, mas da fase underground. Não que seja a minha referência master no mundo do rock - dá para ser agressivo nas horas vagas mesmo curtindo indie -, mas o som de Chris Martin, Will Champion, Jon Buckland e Guy Berryman foi o que me fez desbravar o universo underground do Reino Unido. Ou tentar, pelo menos.

Aquele som meio melancólico, meio romântico e com um quê de mela-cueca era perfeito para embalar bad trips e crises existenciais adolescentes. Sad, but true: o timbre de Chris Martin e os (esboços de?) riffs de Buckland foram algumas das minhas primeiras referências indie na vida. Até então, eu não havia escutado nada parecido com trampos como "Parachutes" e "A Rush of Blood to the Head". O "X&Y", o melhor álbum do quarteto indie-coxinha na minha insana opinião, já flertava com uns lances eletrônicos, mas na medida certa. Quem nunca chorou com "Fix You", "What If" e "Swallowed in the Sea" que atire a primeira pedra.

Eis que pulamos para o capítulo Brian Eno, produtor dos álbuns seguintes. A pegada era a seguinte: fazer um som diferente de tudo o que o Coldplay havia feito até então. E (surpresa!) temos o "Viva La Vida and Death and All His Friends". O trampo é bom, devo ser justo, até porque se propõe a ser algo parecido com uma opera rock. Mas ouvir "Viva La Vida" em bailes de formatura, festas de debutante ou de casamento, e até mesmo no supermercado é de causar desgosto e fazer qualquer um pegar a mochila e meter o pé na estrada até o Acre Alasca. Ouvir o "Mylo Xyloto" e encontrar o Coldplay old school, então, é como tentar dar uma de Dom Quixote e encarar o moinho de vento do mainstream [trocadilho infame detected: "Mylo Xyloto" significa "moinho de vento" em grego].

Mas vamos ao que interessa: hoje, 25, pipocou no YouTube o vídeo de "Midnight" [veja abaixo], single do sexto álbum do quarteto inglês que será lançado neste ano. O som em si parece ser outro turning point e, claro, uma ruptura com o "Mylo Xyloto". Mas a treta começa aí: o som, com piano/sintetizador/qualquer porra do gênero lembra Bon Iver. E a voz de Chris Martin, graças ao auto-tune (?), remete na hora à voz de Justin Vernon, frontman do (adivinhe?) Bon Iver.



O pior é que o som ficou bom, mas ouvindo sem referência nenhuma, é impossível manjá-lo e dizer que é uma música do Coldplay. Será que o novo álbum será o que terá menos a essência dos caras? O que esperar? Enfim, ouçam e tirem suas conclusões.

0 comentários:

Postar um comentário